segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Comportamento complexo, evolução o Arco-Arquitetônico.

Um dos argumentos geralmente usados tanto por criacionistas, como por cognitivistas (que Skinner em seu artigo e palestra que deu pouco antes de morrer chamou de criacionistas da Psicologia, não sem motivo), é o da complexidade irredutível.
Para os criacionistas seria impossível surgir por variação e seleção natural, acumulações de características que possibilitasse o surgimento de unidades complexas como o cérebro humano, as asas de uma águia, ou mesmo o olho, o ouvido etc. O que para eles derrubaria o argumento evolutivo de Darwin.
Eles dizem que um olho não poderia ter surgido da simples acumulação de características simples, pois deu aos organismos uma capacidade totalmente nova a “visão”, e se dele forem tiradas qualquer partes, como as córneas, essa não é possível, eles chamam então o olho de complexidade irredutível, ou simplesmente CI.
Esse argumento falho, que mais tarde mostrarei como derrubar, afirma ser necessário um Designer Inteligente (DI), é o mesmo usado por cognitivistas para explicar comportamentos complexos como o resolver problemas, o pensar, o sentir, o compor uma música, etc.
Para eles comportamentos tão complexos como esses não podem apenas ter surgido por processos de variação e seleção por conseqüências, proposto por Skinner, ou de outros processos naturais agregados como equivalências, generalizações, exaptação (Sprandels), mas por uma Mente Criadora (MC), o correlato do DI no âmbito do comportamento.


Vou usar aqui uma metáfora captada no blog que expressa a tese que derruba tanto a perspectiva criacionista quanto a cognitivista.
Imaginem uma estrutura arquitetônica em forma de arco.


 


Seria impossível remover um vértice do arco sem derrubá-lo, assim como seria impossível construir um arco peça por peça, este teria nesta perspectiva que ser construído de uma vez. Porém normalmente quando arcos são construídos existem andaimes que sustentam as peças enquanto outras são colocadas, estes andaimes ao final são retirados, dando a ilusão de que o arco foi construído todo de uma vez.
Na evolução das espécies e do comportamento também não é diferente.
Por exemplo os três ossos que formam o órgão da audição martelo, bigorna e estribo anteriormente não tinham a função que tem hoje, mas vieram de ossos de mandíbulas de répteis que em um belo dia se encontraram, vibraram e tiveram um valor de sobrevivência que selecionou as espécies que o tinham, e até então foi melhorado por variação, seleção e transmissão até os ouvidos complexos de hoje.
Ou seja, os andaimes da evolução de unidades complexas é a história do organismo em relação com seu ambiente.


E o comportamento, seria também diferente?
Os “insigts” de Einstein, as sinfonias de Mozart, o brilhantismo de Da Vinci, a um observador descuidado poderiam ser provas de que foram obras de uma Mente Criadora, de uma Inteligência inacessível. Mas se observarmos a história de vida desses senhores encontraremos todo o CONTEXTO necessário para a produção de seus comportamentos.

Assistam o filme Amadeus, que conta a história de Mozart.



O Comportamento de pensar, que antes visto como uma estrutura interna, uma coisa diferente de se comportar, também surge por processos simples de variação, seleção e transmissão.
Na infância nos comportamos verbalmente de forma pública,



todo tem acesso ao nosso pensar que também é publico. Mas as conseqüências desse pensar público, (pedidos pra ficar quieto, punições, surras, ou simplismente não prestar atenção, etc.) tornam esse pensar cada vez mais privado até que finalmente partes de nosso repertório comportamental tornam-se totalmente privadas, embora que as variáveis que os mantêm necessariamente direta ou indiretamente vem do mundo “fora da pele”.



Se é claro retirarmos o andaime (história de reforçamento e punições), a ilusão é que o pensar é algo que se “desenvolve”, “nasce na cabeça” criança em determinada faze não sendo construído por processos simples (usados por aqueles chatos, reducionistas, mecanicistas, cientificistas e adestradores de ratos, chamados behavioristas...srs) .


Portanto para refutar tanto os criacionistas quanto os cognitivistas basta mostrar a eles o CONTEXTO em que a complexidade surgiu, e de repente qualquer criador passa a ser só um mito, como o Flogisto, a quintessência...

5 comentários:

  1. Bastante didática sua análise. Não obstante, muito já distante estamos do COGITO em algumas das vertentes do que alguns dos behavioristas classificam como cognitivismo. Indubitável que estruturas universais fundam o comportamento ou cairiamos no mais profundo criacionismo comportamental: os comportamentos por si e em si e para si seriam suficientes para explicar tudo que é humano à imagem e semelhança de Skinner. Há mais mistério entre o céu e a terra do que imagina nossas vãs Psicologias. Bom que seja assim, afinal é preciso continuar a acreditar, superticiosamente ou não, que a ciência cumpre, tal como os humanos, sua trajetória evolutiva

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  2. Obrigado Paulo pelo seu comentário,

    concordo com a existência de algo parecido com estruturas universais na parte filogenética, pois não somos "lousas em branco", como padrões fixos de resposta (respondentes inatos), sucetibilidade a reforçadores (característica inata), etc.

    Também acredito que certas contingências compartilhadas por vários organismos pode criar ilusões de estruturas universais, como a própria linguagem, o pensamento etc.

    O Behaviorismo não parte do empirismo e sua epistemologia da lousa vazia, assim como Kant reconhecemos as estruturas a priori, mas diferente de Kant, acreditamos que essas estruturas podem ser construidas em três niveis de seleção:

    1- A seleção natural
    2- A seleção ontogenética (individual)
    3- A seleção cultural

    A crítica que eu faço ao Cognitivismo é na ilusão de estrutura per se, eles se esquecem de olhar o contexto em que ela ocorre, que por mais criticas que o behaviorismo sofre, este ao olhar para o contexto desmancha as estruturas em seus componentes relacionais básicos.

    E onde havia um núcleo, uma essência agora existem relações a posteriori.

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  3. Sou biólogo e considero os termos "design inteligente" e "complexidade irredutível" duas grandes bobagens.
    Os caras não conseguem entender de que forma os comportamentos e atitudes surgem e buscam explicações religiosas para isso.
    Seria cômico se não fosse trágico.
    Muito bom seu texto, caso interesse, no site viciadosemlivros.blogspot.com você consegue o ótimo livro O Relojoeiro Cego do Richard Dawkins.
    Até mais.

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  4. Obrigado Jacques!

    Seja sempre bem vindo neste blog que tem ideais de divulgação cientifica e interdiciplinaridades!

    Afinal o ser humano e seu comportamento como dizia Skinner é multideterminado e complexo.

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  5. ola marcos muito bom seus texto adorei o blog ta
    e estou te seguiddo tbm
    se quiser seguir o meu agradeço
    abraçossss e sucesosss
    http://audienciadatvrealtimes.blogspot.com/

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